quinta-feira, 26 de abril de 2007

Ruídos

A riqueza de ruídos. O segredo do cofre. A linha telefônica ocupada. O pano sacodido ao vento... Tudo cadenciado. Imprevisível. O ápice, tão bem conhecido mas emocionantemente esperado.
A bateria cheia. Os miados e gemidos tão pouco convencionais. Perfeitos. Desde quando...
A verdade é que corri do ponto de ônibus até aqui para não perder o fio da meada. Boas idéias sempr me escapam. Vem e vão e piscam sorrateiramente sedutoras. Eu sempre tão a parte, nunca as conquisto totalmente.
A água já ferve, tenho tomado muito chá neste meu novo endereço. Não sei se venho até aqui tanto para ferver a água ou se para apreciar o ambiente interiorano. Casas iguais, grades, jardins, verdes. Aqui não passam carros, tão ao contrário da frente, cinzenta, meu calvário sonoro: 24 horas de buzinas, acelerações, freadas, carros, caminhões, ônibus, semáforos...
Aqui é verdade, são muitas e abundantes grades, cercas elétricas. e por bem ou por mal, estamos no coração da velha cidade, no seu seio (gentil?!). Deitar-se, numa tarde fria de sábado, numa rede, e ouvir Sarah Vaughan de carona do monofônico do vizinho é quase insólito. (Esta cidade tem um qualquer bonito afeto por mim).
Talvez eu pudesse ter escrito nesse dia... Ou tentado. Não sei. O ruído, e ruídos deste e de hoje.
O ar. O panorama. O friozinho. O chá. A lua. Lindos e comoventes, sempre no lugar comum encantador. Sempre assim.
O gato preto se equilibra passando pela fonte. A gigantesca caixa arredondada da casa da frente, que presumo uma televisão(é a primeira vez que noto sua presença - devera-se a todas suas luzes acesas vibrantes e rápidas!) Argh! Me vem frescuras disso.
Uma criança corre. Corre o cachorro peludo com ela(ou dela?!). A luz da janela se acende. A vizinha passa me olhando. O poste pequeno em frente da casinha (Tal qual os postes que desenhava ou o jogo de deus.)
O guardinha e seu apito, pedala e apita, pedala e apita(não cansa?!) A lua que já por trás do telhado (foi e agora aparece no Japão).
Só mais alguns minutinhos...
Também o marchar. A campainha. A cainha de música. Os pingos de água.
e finalmente o ápice que quase poderia durar a eternidade...
Ao som de Glosóli neste momento.

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